AMÉRICA LATINA

Neste tempo que fiquei sem escrever, não parei de viajar e visitar outros países; seus festivais e suas músicas.

Estive em setembro na Colômbia para uma edição do Mercado Cultural de Bogotá.

Foi de alguma forma uma experiencia parecida com a que eu já relatei aqui.

Ótima música, muitas vezes. A diferença, desta vez, foi acompanhar a descoberta por parte de outros produtores, especialmente norte-americanos e europeus, deste universo. A surpresa e o encantamento.
É sempre bom ser testemunha destes momentos.

E em seguida fui a Bolívia. E aqui confesso o quanto me fascina La Paz e a Bolívia indígena. É uma das poucas capitais que visitei que preserva ainda uma grande identidade.

Os mercados – com os índios vendendo seus artesanatos ; mas também frutas, verduras. Sentados no chão com a mercadoria a sua volta. Ou então nas ruas da cidade.

É um colírio para os olhos cansados de franchising e Mc Donald’s…

Mas na área da produção musical, e se olharmos o seu desejo de inserção, a Bolívia se ressente desta maior interação com o mundo.

A sua música tradicional – andina, é bastante diversa e interessante. Conhecemos apenas uma pequena parte dela – aquela tocada por charangos e queñas. Já música de carnaval – e que tive oportunidade de assistir na festa do Dia del Grande Poder, em outra viagem, junho de 2003 , é impressionante.

Formações de sopros e percussão- fazendo um som , que parece de outro planeta. Difícil compreender porque não conhecemos nada disto por aqui.

Também a afro-saia- música afro boliviana é bastante interessante. Assisti em um bar de La Paz – os músicos tocando em cima de um balcão. Muito suingue.

Bolivia_2

 

Mas voltando a músca urbana, não se escutam tantas propostas desafiadoras. Há bons grupos pop – como alguns – que parecem ter influências de Manu Chao. E na música instrumental, uma das propostas que mais chama a atenção é o Parafonista do Álvaro Montenegro – que participa do América Contemporanea.

Álvaro é um músico presente na cena musical da cidade. Participa de diversos projetos, e tem o seu próprio estúdio.

E foi Álvaro quem me levou a minha mais bela e

xperiência na cidade, ou melhor , fora dela. A cumbre, como é conhecido um platô sagrado para os índios, localizado em um dos pontos mais altos da região, a cerca de 40 minutos da cidade, onde realizam vários de seus rituais.

E também a uma espécie de rave andina – em um local no centro de La Paz, com música para dançar e performances tradicionais. Tudo bastante surreal.

FRANÇA

Paris-1

 

Já neste ano, fui de novo a Babel Med – um festival e ponto de encontro em Marselha, França. Focado principalmente na música do mediterrâneo com alguns grupos de outras regiões.

Boa música – e alguns projetos que chamaram bastante a atenção – como o Yemen Blues, formado por músicos israelenses de diversas origens. Seria tão lindo Israel se abrir, como se abre a sua música…
E também, um ótimo grupo de Marselha que inclui múscos iranianos- Oneira 6tet

Há neste momento na Europa uma grande inquietação quanto aos possíveis efeitos da crise econômica que todos na área da cultura parecem sentir. Nada de muito novo para nós. Mas sim, para eles.

Paris-2

Uma experiência curiosa em Paris. Encontro um amigo querido, Ricardo Herz – um ótimo violinista brasileiro, que vem morando por lá nos últimos 8 anos. E juntos vamos a um dos clubes mais famosos de jazz de lá – o Sunset – assisir a Nelson Veras, outro bom músico que vive há muitos anos na França.

Ingresso a 22 euros – uns 55 reais. Um espaço pequeno, com cadeiras pequenas e desconfortáveis – enfileiradas a uma proximidade que sugere que deveríamos ser menores (e muito) para caber com algum conforto naquele espaço. Engraçado, porque se fosse em São Paulo, ou no Rio, diriam alguma coisa… Estes acontecimentos sempre me surpreendem.