Primeiro Dia – Seul

Cheguei há algumas horas. Depois de 30 horas viajando. Mas na verdade uma viagem tranquila.

Na chegada Yoo Jung do escritório do PAMS – Performing Arts Market Seoul, me levou pra tomar o café da manhã local – que é igual ao almoço ou jantar.

(Toco no dia 13 em Jeju – uma ilha – e venho primeiro a Seul, para encontrar músicos tradicionais e me reunir com o escritório de música da Coréia).

Eles não fazem distinção entre as três refeições – ou seja – pra mim, já na confusão dos horários – virou almoço…

Consegui ir até uma livraria de livros coreanos em inglês – assim posso saber um pouco da história e cultura – a partir de orelhas de livros. Mas é o que consigo a estas alturas.

Em seguida, uma visita ao Museu Antropológico – Folk Museum. Muito rápido, em um espaço cheio de castelos antigos. Todos muito bonitos.

E o desejo de ficar horas… Que esta viagem não permite. Mas vejo no museu uma referência a cidade de um império que começou 37 anos antes de Cristo – Silla – e, para mim, o incrível fato de que parece muito a urbanização das cidades de hoje – centro parques, quadras residenciais. E sinto o quão pouco sei de qualquer coisa. Na saída compro o livro do museu na esperança de aprender um pouco mais… É curioso ver o homem das cavernas, coreano…

Encontro com dois músicos que vão participar do Mercado Cultural (do Sonagi Project)… Em minha vida tem sido um tanto assim: a vida de músico e produtor. Tento manter um equilíbrio entre as duas atividades, embora ambas terminem sendo a mesma coisa, de certa forma. Pois acabo produzindo basicamente a música que me parece boa, e na qual acredito que vale a pena difundir. E o mesmo vale para quando toco… E quando às vezes os convites surgem, e me parecem bons e criativos, vamos lá.

Segundo dia

Seul… É uma daquelas capitais… que me lembra várias cidades. A vida noturna é intensa, muita gente na rua, carros também durante a noite.

Vários locais 24h.  Creio que vivem, aqueles mais inquietos, o conflito entre o modelo de sociedade contemporânea, globalizada – basicamente ocidental –, e o desejo de preservar a sua cultura, modo de vida, o tempo e as tradições. Mas é para mim impressionante a intensidade do consumo… Lojas, magazines imensos, completamente lotados. Um pouco assustador. Música pop por toda parte… Aqueles grupos adolescentes, raps coreanos. Muito esquisito.

O bacana, nesta área, foi o encontro com dois grupos tradicionais coreanos. Fui ao estúdio de ensaio de cada um – uma bela sacada –, ter um estúdio próprio de ensaio. E também, significando que eles ensaiam muito. Creio que todos os dias, quando não estão viajando em tour.

Ambos os grupos, tem um líder, um tanto mais experiente e bastante respeitado, mas a relação é muito leve e agradável, entre eles. Os outros músicos são bem jovens. É uma das boas músicas tradicionais – atuais, que escutei recentemente.

Os coreanos têm em geral, uma formalidade. Que pode ser bonita… Teria que viver mais para sacar as particularidades. Alguém mais velho só pelo sobrenome e coisas assim… Eles, então, fazem mesuras. Mesmo os jovens, hippies.

Eles são respeitosos. Ficamos conversando sobre isto no jantar. A comida, como todo o resto de sua cultura é bastante particular. Não tendo muita relação com a japonesa ou chinesa. Claro há o budismo e o catolicismo – ambos com colorações locais.  Mas há também a forte presença dos shamans no imaginário, cultural, religioso e também musical (ver filme intangible heritage 82).

Quanto a apresentação em Jeju, uma ilha ao sul do continente – foi uma experiência estranha. O que cria o desejo de compartilhar que no meio de boas experiências, sempre podem aparecer estas, mais esquisitas. Um Festival um tanto sem nexo, consistência, coerência… Não entendi.

Mas o bom humor do grupo – o Núcleo de Música do Abaçai – e do João, no baixo, tornaram tudo mais leve. Além da simpatia e gentileza de algumas pessoas que estavam trabalhando na produção…

Assim fica o desejo de voltar a Coréia – e especialmente a Seul, lugar que deixei  levando várias perguntas, e que me pareceu especialmente atraente.

Alguns links:

Noreummachi

Chae Soo Jung