Israel e Palestina. Pela segunda em minha vida estive em Israel. A primeira foi no ano passado. E a segunda agora em setembro. Ambas para encontros ligados a música. E desta vez com uma experiência ainda mais intensa, que foi visitar Ramallah e ficar em Jerusalem Oriental (a parte árabe).

O convite a este encontro foi feita pela Yabous, uma organização palestina, e membro doEuropean Forum of World Music Festival Wide. De fato, vejo coisas boas e difíceis de ambos os lados. E, creio, que como qualquer um, me sinto triste pela aparente impossibilidade de diálogo.

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É uma delícia para mim andar por Tel Aviv. É uma cidade cosmopolita, bonita e com intensa vida. Muita gente na rua. Prédios brancos, baixos (4 andares em média), arquitetura Bauhaus.

Gente de todo o mundo. Na praia, os salva vidas, instalados em cabines, através de um sistema de som, dirigem-se a qualquer banhista que saia da área pré determinada. Parece um clube.

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Ramallah foi uma experiência intensa. Imaginava uma cidade destruída. E não é nada disto. Tem casas bonitas, prédios novos e também muita gente na rua. Me senti por alguma razão no interior de Minas Gerais. Cidades como Barbacena. É um pouco caótico, mistura coisas belas, com outras mais escuras. Mas de qualquer forma é muito mais do que poderia esperar .

A música apresentada em Ramallah, em um pequeno mas belo espaço, esteve um pouco aquém do que se poderia desejar. Um grupo de rap – bom, mas demasiado americano, um projeto camerístico local e um grupo de música egípcia. Boas idéias, mas um pouco diluídas. Conheço outros projetos locais mais interessantes como o Trio Joubran e o Palestinian Ensamble.

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Do lado israelense, estivemos em um lindo espaço Confederation House em Jerusalem. E ouvimos muito boa música – um panorama diverso e de surpreendente qualidade, apresentado por músicos das mais variadas regiões do planeta, que emigraram para esta terra. Música tradicional do Irã, jazz etíope. E algumas vezes, projetos que misturam várias destas culturas.

Tive de alguma forma a sensação de que esta separação entre israelenses e palestinos é um tanto semelhante ao apartheid econômico que vivemos no Brasil. Ricos de um lado e pobres de outro. Mesmo não sendo exatamente esta a questão – há palestinos ricos e israelenses pobres. Mas talvez algo ligado a esta inércia que vai mantendo as coisas como estão. Como se fosse lógico ser assim. E impossível a mudança…

Leia também artigo em inglês do Patrick de Groote, membro-diretor do Fórum Europeu.