Encontro – com Ivan Vilela

Por Benjamim Taubkin

Creio que a música que resultou deste nosso encontro é uma tradução de quem somos e de como construímos nossas identidades.

Cada um tem o seu percurso determinado por questões de origem seja ela familiar, geográfica, religiosa… além das pessoais, eletivas.

Mas também oriundas das escolhas musicais que fizemos ao longo das nossas vidas. Que envolve o instrumento com o qual nos identificamos, até a forma de nos situar musicalmente no mundo.

Assim creio que o aqui apresentamos é a soma destas escolhas. Que inclui paixão por nossa cultura e o desejo de diálogo com o mundo.

Um amálgama entre o que seria a cultura “erudita” e a “tradicional” (estes termos são sempre muito complicados…).

É um olhar que traz em si um desejo: de validar todos os saberes – dos interiores e da academias.

E torná-lo o país que queremos – terra fértil e amorosa. Que este som possa inspirá-los.

Por Ivan Vilela

Parte de nossa vida como músico é vivida de forma solitária. Buscamos uma relação de intimidade com o instrumento atrás do som ideal, da ideia esperada, da expressão desejada. No correr da vida musical as partilhas com outros músicos se processam de maneira generosa. Com eles tocamos, compomos e criamos parcerias.

Sempre imaginei que viola e piano, juntos, poderiam soar em parceria. Ambos instrumentos têm uma profusão de sons harmônicos que supera o esperado, beirando quase um descontrole vivo, indômito. E para acontecer, basta antes imaginar.

Em 2016, recebi o convite de músico a quem sempre admirei, Benjamim Taubkin, que como eu, já imaginava este enlace de sonoridades.

Sempre gostei de seu fazer musical construído por escolhas pautadas não só pela busca de sons mas também de ambiências, atmosferas, cores e texturas.

Nossos primeiros ensaios para uma apresentação no Sesc Pompeia, em 2016, se deram a partir de trocas musicais e muitas conversas. Também partilhamos a crença num mundo mais sensível, onde a palavra humanidade, mesmo sendo um substantivo, talvez devesse agora ser vivida de forma plena como um adjetivo. E o amor e admiração por uma musicalidade que sempre nos orientou, a de Milton Nascimento.

Para esta nossa parceria, Benjamim compôs uma música à qual deu o nome de Encontro. Encontro de duas pessoas, de duas visões que, diferentes, se completam e se somam. Encontro e comunhão na percepção da vida pelo filtro da sensibilidade e da música. Encontro.

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