… na mesa de debates pela voz de Daniel Aisemberg. Começou falando sobre o Calipso nesse país e sua relação com a música de Nova Orleans, Jamaica e das Antilhas. Um dos instrumentos típicos dessa vertente é o Quijombo (espécie de bacia de lavar roupas atravessada por uma corda tencionada, tocando-se como um contrabaixo). Para esse estilo há zonas muito bem definidas na geografia desse país, tal como a província de Limón. Ouvimos também a dança chamada “punto guanacasteco”, ao som da marimba e com fortes influências africanas na sua marcação, constantemente interrompido pelas chamadas bombas (estrofes que ressaltam a beleza feminina).

Há também nomes como Max Goldemberg, Ray Tico, e a banda Malpais, que atualmente possuem grande repercussão entre a população jovem que assiste aos seus concertos.

Um cantor surgido na conversa foi o nicaraguense Perrozompopo, com grande influência rock, pop e uma temática social muito presente em suas letras.

Manuel Obregón, pianista costarriquenho, também foi mencionado. Ele originou a chamada Orquestra de la Papaya, que integra, num só palco, músicos e ritmos de Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Panamá e Costa Rica.

Um destaque especial foi a chamada Orquestra do Rio Infinito, que reuniu músicos da América toda (sim, da ponta norte até a Patagônia) com nomes como Aquiles Baez, Lucia Pulido, Álvaro Montenegro, Leon Gieco, Siba, entre outros.

Entre o candombe e a murga
A segunda parte da fala esteve a cargo de Mauricio Ubal (Uruguai),  coordenador do selo Ayuí/Tacuabé e detentor do maior acervo de música uruguaia na atualidade (aproximadamente uns 400 títulos de diversos gêneros).

No seu panorama, Ubal comentou que, no marco da miscigenação, o país possui uma escassa influência indígena. Praticamente europeizada, conserva expressões culturais provenientes dos quilombos, da população africana e seus descendentes. Foi através deles que o candombe (no Brasil escreve-se candomblé) se fez conhecer e passou a ser a expressão com maior dinamismo e representatividade no país.

Assimilado de maneira surpreendente e com amplia repercussão no calendário cultural uruguaio, o candombe que referia-se geralmente às danças praticadas pelos negros, mas com o tempo passou a designar o ritmo musical.

No passar dos anos, passou a influenciar-se de ritmos ocidentais, vindos da península ibérica, chegando a encontrar-se com o tango, substituindo o batuque dos tambores em conversas de violão, sem perder a reminiscência africana.

Ubal também falou dos numerosos ritmos de salão que atualmente existem, os quais logo passaram ao terreno do popular, como o caso da chamarrita, semelhante à milonga argentina e conhecida no Brasil como chimarrita.

Assim, chegamos à murga, ritmo tradicionalmente vinculado ao carnaval montevideano, que mistura procedências espanholas (lembrando as chamadas chirigotas, espécie de corais que passeiam pelas ruas cantando estrofes humorísticas) e africanas (que no caso refere-se especificamente ao candombe).

Nos seus cantos nasalisados e gritalhões, as comparsas de murga levam tipicamente o trio de bombo, platillo e redoblante. A competição é um fator muito importante pelo qual ainda subsiste, gerando muito repertório temático e grande aceitação no público jovem.

Canto popular

Outro capítulo abordado foi a importância do formato canção. Comparado com Brasil ou Argentina, a música instrumental nesse país não precisamente goza de muita aceitação, enquanto a canção adquiriu marcada personalidade contestaria. Entre seus maiores expoentes temos nomes como Zitarrosa, Daniel Viglieti e Eduardo Mateos.

Existe hoje um ressurgimento do rock no Uruguai. Bandas como La Vela Puerca, No Te Va a Gustar, La Trampa e Buitres, têm ampla repercussão internacional com turnês constantes em palcos europeus e norte-americanos. Também temos fusões musicais entre linguagens como o hip hop e o candombe, em bandas como Contra Las Cuerdas.

Fechou esta penúltima jornada de trabalho o grupo Alejandro Vargas Quarteto, de Cuba, apresentando a sua mas recente produção, Trapiche, produzido pelo selo Colibrí, de Havana. Os mesmos, encendiaram o palco com interpretações no estilo free jazz sem esquecer, no final, o toque cubano sobre um tema tradicional.

Nomes a procurar (Costa Rica): Orquestra do Rio Infinito, Ray Tico, Walter Ferguson, Malpais, Orquesta de la Papaya, Manuel Obregón.

Nomes a procurar (Uruguay): Eduardo Mateos, Alfredo Zitarrosa, Anibal Sampayo, Alberto Wolf, Carlos Casacuberta, Daniel Viglieti, Cuarteto De Nos, No Te Va A Gustar, Contra Las Cuerdas, Martín Buscaglia, Pepe Guerra, Cuarteto Rica Cosa, Fernando Cabrera, Leon Masliah, Hugo Fattorusso, Jorge Lazaroff.